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terça-feira, 21 de outubro de 2025

As cruzadas

 

 Idade Média – As Cruzadas

• O que foram as Cruzadas?

    As Cruzadas foram campanhas militares organizadas pela Igreja Católica na Idade Média, com o propósito principal de combater os muçulmanos e conquistar a Terra Santa, especialmente Jerusalém.

Figura 1- Ilustração que representa uma das batalhas das Cruzadas, publicada na obra de Guilherme de Tiro, séc. XIV.

• A Origem das Cruzadas

    Nesse período, o mundo cristão estava dividido entre duas principais igrejas: a Igreja Católica, liderada pelo Papa com sede em Roma, e a Igreja Ortodoxa, liderada pelo Patriarca em Constantinopla.

      No final do século XI, os cristãos ortodoxos enfrentavam ameaças dos muçulmanos, que avançavam da Península Arábica e conquistavam territórios na atual Turquia, aproximando-se de Constantinopla. Diante desse cenário, o Patriarca de Constantinopla solicitou auxílio militar aos católicos para defender os territórios cristãos contra os "infiéis". Em resposta a esse apelo, o Papa Urbano II convocou as Cruzadas em 1096 durante o Concílio de Clermont.

Figura 2 - Papa Urbano II pregando a Primeira Cruzada. Imagem feita em 1852.

     Além de prestar auxílio aos ortodoxos, as Cruzadas tinham como objetivo recuperar o controle da Terra Santa, que compreendia os lugares associados à vida de Jesus Cristo. Esses territórios, especialmente a cidade de Jerusalém, estavam sob domínio muçulmano desde o século VII d.C. O papado via na mobilização de soldados para as Cruzadas uma oportunidade para reconquistar essa região sagrada para os cristãos.

• Características das Cruzadas

       Ao todo, ocorreram oito Cruzadas entre 1096 e 1270 d.C. Cada cruzada reunia milhares de soldados que partiam da Europa em direção ao Oriente, prontos para o combate contra os denominados "infiéis".

    O grande número de participantes nas cruzadas comprova força da Igreja na Europa Medieval. Muitos indivíduos aceitavam ir à guerra em nome de sua fé e confiavam nas palavras do Papa. O apelo à mobilização para as Cruzadas ganhava ainda mais força, pois afirmava-se que os participantes receberiam graças religiosas, como o perdão de seus pecados ou até mesmo um lugar no céu em caso de morte.

     O próprio nome “Cruzada” vem de seu aspecto religioso, já que os soldados se diziam “Soldados de Cristo” e usavam mesmo a cruz em suas roupas e armaduras. No entanto, o nome “Cruzada” só foi usado com frequência a partir do século XIII d.C. Antes disso, referiam-se à mobilização de soldados como “Expedição da Cruz” ou “Guerra Santa”.

     Por fim, ainda que muitos tenham ido por motivos religiosos, outros ingressaram nas Cruzadas em busca de riqueza ou fugindo de sua vida e problemas na terra natal. Havia também aqueles que sonhavam em conquistar novas terras, aproveitando-se da força dessas numerosas tropas católicas.

• Principais Cruzadas

     A Primeira Cruzada ocorreu entre 1096 e 1099, e foi uma das mais bem-sucedidas. Muitas pessoas das regiões que hoje são a Itália e da França se uniram a ela, e os muitos soldados conseguiram ganhar batalhas importantes no Oriente. Eles até reconquistaram a Terra Santa por algum tempo, criando quatro estados católicos nessa área. No entanto, esses estados não conseguiram resistir por muito tempo aos ataques dos muçulmanos.



Figura 3 - Imagem da Conquista de Jerusalém em 1099 d.C., presente num manuscrito datado entre os sécs. XIV e XV.

      As outras cruzadas não conseguiram retomar a Terra Santa, principalmente devido à força militar dos muçulmanos. No entanto, duas cruzadas se destacaram por sua singularidade.

          A primeira foi a Cruzada dos Mendigos, que aconteceu em 1096. Nessa expedição, milhares de mendigos, camponeses empobrecidos, miseráveis e doentes se juntaram e partiram para o Oriente, enxergando na cruzada uma chance de buscar uma vida melhor. Contudo, devido aos seus armamentos precários e falta absoluta de treinamento, foram brutalmente derrotados pelas tropas muçulmanas, ainda na região da Turquia.

           Por sua vez, a Cruzada das Crianças (1212) também ficou muito conhecida. Nesse período, difundiu-se a ideia de que apenas pessoas puras poderiam realizar a conquista da Terra Santa. Assim, acreditavam que as crianças seriam mais aptas para realizar o feito, já que teriam poucos pecados. No entanto, a cruzada também fracassou e as crianças tiveram um trágico final.

• Consequências das Cruzadas

        Ainda que tenham contado com milhares de soldados, as Cruzadas não conseguiram reconquistar a Terra Santa de forma duradoura. Contudo, elas provocaram mudanças importantes na Europa.

           A Primeira consequência foi o contato com produtos raros na Europa, como o café, o açúcar, o cravo e a noz-moscada. Essas especiarias eram trazidas pelos soldados sobreviventes e se popularizaram na Europa, abrindo caminho para novas rotas de comércio entre o Oriente e o Ocidente.

      Outra consequência foi um enfraquecimento da nobreza. Como muitos nobres morreram em combate nas cruzadas, seu domínio na Europa e nos feudos foi abalado. Isso contribuiu para o enfraquecimento do sistema feudal como um todo.

         Por último, as cruzadas permitiram o acesso dos europeus a novos conhecimentos. Mesmo através das guerras, os Cruzados entraram em contato com saberes avançados de medicina, filosofia, astronomia e matemática presentes no mundo árabe. Muitas obras inclusive foram trazidas pelos soldados e traduzidas na Europa, permitindo um avanço científico importante na Europa medieval.

Exercícios

1. Com suas palavras, explique o que foram as Cruzadas e quais era seu objetivo.

2. Por que essas expedições levavam o nome de “Cruzadas”?

3. Cite e explique duas das principais Cruzadas.

4. Explique duas consequências das Cruzadas para a Europa.

5. Leia o discurso do Papa Urbano II em 1096 d.C. abaixo e responda: Quais argumentos foram utilizados para convencer as pessoas a participarem dessas guerras?

“Após ter prometido a Deus manter a paz em suas terras e ajudar fielmente a Igreja, vocês poderão ser recompensados empregando sua coragem noutro empreendimento. Trata-se de um negócio de Deus. É preciso que sem demora vocês partam em socorro de seus irmãos do Oriente. (...) A todos os que partirem e morrerem no caminho, em terra ou mar, ou que perderem a vida combatendo os pagãos, será concedida a remissão dos pecados. Que sejam doravante cavaleiro de Cristo que não eram senão bandoleiros. A terra que habitam é estreita e miserável, mas no território sagrado do Oriente há extensões de onde jorram leite e mel.”

FRANCO JÚNIOR, Hilário. As Cruzadas. São Paulo: Moderna, 1999, pp. 26-27. Adaptado.


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