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quarta-feira, 12 de novembro de 2025

A Participação dos Escravizados Negros na Guerra do Paraguai

 A Participação dos Escravizados Negros na Guerra do Paraguai

       Durante a Guerra do Paraguai (1864–1870), o Brasil enfrentou o exército paraguaio ao lado da Argentina e do Uruguai. O conflito exigiu um grande número de soldados, e rapidamente ficou claro que o exército brasileiro não tinha tropas suficientes para enfrentar uma guerra tão longa e sangrenta.

       Foi nesse contexto que o governo imperial e os senhores de escravos começaram a discutir a possibilidade de enviar homens escravizados para lutar. Muitos senhores se recusavam a liberar seus escravos, mas o governo criou leis e incentivos que tornaram isso possível. Uma dessas medidas foi a Lei dos Voluntários da Pátria (de 1865), que prometia a liberdade aos escravizados que se alistassem ou fossem enviados pelos seus donos.

Escravo na Guerra do Paraguai

       Na prática, muitos escravos não se alistaram por vontade própria: foram obrigados pelos senhores, que viam nisso uma forma de se livrar de pessoas que consideravam “dispensáveis”. Em contrapartida, havia casos em que os próprios escravizados aceitavam lutar como uma oportunidade de conquistar a liberdade e um novo começo de vida.

       Os soldados negros tiveram papel essencial no esforço de guerra. Eles serviram como combatentes, carregadores, cozinheiros, enfermeiros, e participaram ativamente de várias batalhas. Muitos morreram em combate, outros voltaram doentes ou mutilados, e vários não receberam a liberdade prometida — especialmente aqueles cujos senhores se recusaram a cumprir o acordo.

Zuavo Baiano

       Mesmo assim, a participação dos negros e escravizados na Guerra do Paraguai foi marcante. Ela revelou as contradições da sociedade brasileira do século XIX, que, ao mesmo tempo em que dependia do trabalho escravo, também contava com esses homens para defender o Império.

       Alguns historiadores afirmam que a guerra ajudou a fortalecer o movimento abolicionista, pois ficou evidente a injustiça de um país que enviava escravos para lutar em nome da pátria, mas negava-lhes a liberdade. A luta e o sacrifício desses soldados negros se tornaram símbolo de resistência e coragem diante da opressão.

Atividade – Interpretação e Reflexão

1. Por que o governo brasileiro começou a aceitar escravos como soldados durante a Guerra do Paraguai?

2. O que prometia a Lei dos Voluntários da Pátria (1865)?

3. Todos os escravizados que lutaram receberam a liberdade? Explique.

4. Quais funções os negros e escravizados exerciam dentro do exército?

5. Como a participação dos escravizados revelou as contradições da sociedade brasileira?

6. Qual foi o impacto dessa participação para o movimento abolicionista?

7. Você acha que os negros que lutaram foram tratados com justiça? Por quê?

8. O que essa parte da história nos ensina sobre liberdade e igualdade nos dias de hoje?

9. Por que é importante lembrar da participação dos negros e escravizados na história do Brasil?


A Guerra do Paraguai (II Reinado)

 A Guerra do Paraguai

     A Guerra do Paraguai (1864–1870) foi o maior conflito armado da América do Sul, envolvendo quatro países: Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai. Ela ocorreu em um período de grandes transformações na região, quando os países recém-independentes buscavam consolidar seus territórios e economias.


Guerra do Paraguai

    O Paraguai, liderado pelo presidente Francisco Solano López, era um país que se destacava por seu rápido desenvolvimento econômico e por sua tentativa de manter independência frente às potências estrangeiras. López acreditava que o Paraguai poderia se tornar uma potência regional, e por isso buscou expandir sua influência na região do Rio da Prata, onde o Brasil, a Argentina e o Uruguai disputavam interesses comerciais e políticos.

    O conflito começou quando o Paraguai invadiu o Mato Grosso, território brasileiro, em 1864. Em seguida, Solano López declarou guerra à Argentina e ao Uruguai. Em resposta, os três países formaram a Tríplice Aliança, unindo-se contra o Paraguai.

    A guerra foi extremamente violenta. O exército paraguaio, apesar de sua coragem e disciplina, não tinha o mesmo poder militar e econômico dos aliados. As batalhas mais conhecidas, como Tuiuti, Curupaiti e Lomas Valentinas, resultaram em enormes perdas humanas. Estima-se que mais de 60% da população paraguaia tenha morrido, entre soldados e civis.


Batalha de Tuiuti

 

Batalha de Curupaiti

         O conflito terminou em 1870, com a morte de Solano López e a derrota total do Paraguai. O país ficou arrasado: sua economia foi destruída, e boa parte de suas terras foi perdida. O Brasil, por sua vez, saiu vitorioso, mas o custo foi altíssimo: milhares de soldados morreram, e as dívidas da guerra aumentaram significativamente.

    A Guerra do Paraguai deixou marcas profundas na história da América do Sul. Além da destruição, o conflito mostrou como a busca pelo poder e pela expansão territorial pode gerar sofrimento e desigualdade. Para os historiadores, é também um exemplo da necessidade de soluções diplomáticas e pacíficas entre os países vizinhos.

Interpretação e Reflexão

1. Quais países participaram da Guerra do Paraguai?

2. Quem era o líder paraguaio durante o conflito?

3. Qual foi a principal causa da guerra?

4. O que foi a Tríplice Aliança e quais países a formaram?

5. Cite duas consequências da guerra para o Paraguai.

6.  Quais foram as consequências para o Brasil?

7.  Por que a Guerra do Paraguai é considerada o maior conflito da América do Sul?

8. Você acha que a ambição dos governantes teve um papel importante nesse conflito? Explique.

9.  Quais lições podemos aprender com a Guerra do Paraguai em relação às guerras atuais?

10. Em sua opinião, a guerra poderia ter sido evitada? O que os países poderiam ter feito diferente?


segunda-feira, 10 de novembro de 2025

O islamismo

 ISLAMISMO

     O Islamismo surgiu no século VII e, em pouco tempo, se expandiu para várias regiões da Ásia, norte da África e até para a Península Ibérica.

Os árabes antes do Islamismo

    Antes do surgimento do Islamismo, os povos árabes da Península Arábica seguiam uma religião politeísta (acreditavam em muitos deuses).

   Nesta península, viviam diversas e pequenas tribos árabes (várias delas eram nômades), que muitas vezes guerreavam entre si. Não havia nenhum poder central capaz de controlar e administrar todas.

Origem do Islamismo

    A religião islâmica foi criada por Maomé, no começo do século VII. Esta nova religião, ao contrário das outras crenças árabes, era monoteísta (crença em apenas um deus, chamado de Alá).

    Nos séculos VII e VIII, o Islamismo cresceu e se espalhou por toda a Península Arábica. A região se união em torno de um Estado forte, unida pela mesma crença.

Maomé

    Conhecer um pouco sobre a vida de Maomé é importante para entendermos a história do Islã. De acordo com o Islamismo, Maomé foi um profeta, que recebeu orientações (revelação) do anjo Gabriel para criar uma nova religião. Ele nasceu na cidade de Meca (na atual Arábia Saudita), em 25 de abril de 571.

    Por volta dos quarenta anos de idade, Maomé começou a pregar as mensagens do Islã em sua cidade, Meca. Porém, os habitantes desta cidade não aceitaram suas pregações, pois acreditavam em diversos deuses.

   No ano de 622, Maomé saiu de Meca e foi para a cidade de Medina. Este momento, conhecido como Hégira, foi de grande importância para o Islã. Em Medina, grande parte dos habitantes aceitaram a mensagem de Maomé.

   Com seus seguidores, Maomé retornou para Meca, em 630, e a conquistou pacificamente. Logo em seguida, Maomé unificou todas as tribos árabes. Em pouco tempo, o Islã foi se espalhando por quase toda Península Arábica.

    Maomé faleceu em 8 de junho de 632, aos 61 anos de idade, na cidade de Medina.

Expansão do Islamismo

    Após a morte de Maomé, os muçulmanos escolheram um Califa como líder, que era, ao mesmo tempo, líder religioso e espiritual.

      Em 711, o Califado conquistou a região sul da Península Ibérica, que passou a ser chamada de Al-Andalus (Andaluzia). Ficaram nesta região até o século XV. Até hoje, a região sul da Espanha apresenta marcas culturais (arquitetura, linguagem, artes, etc.) da presença muçulmana neste território por centenas de anos. Foram expulsos da região somente no ano de 1492.

    No processo de expansão, os muçulmanos conquistaram também o Império Persa, o norte da África e o Império Bizantino.

  Não conseguiram conquistar o Império Carolíngio (região da atual França), pois foram vencidos pelos francos, em 732, na Batalha de Poitiers.

As principais características do Islamismo são:

- Islã, em árabe, significa “obediência a Deus”.

- As pessoas que seguem a religião islâmica são chamados de muçulmanos

- Para os seguidores desta religião, Maomé não é uma espécie de divindade. Ele é considerado um profeta (mensageiro) de Alá (Deus).

- O livro sagrado dos muçulmanos é o Alcorão. Ele possui as crenças da religião e as orientações morais. Para os muçulmanos, este livro é a palavra literal de Alá, que foi revelada ao profeta Maomé.

- Para os muçulmanos, antes de Maomé, existiram outros profetas: Moisés, Davi, Jacó, Abraão, Isaac, Ismael e Jesus.

- A doutrina muçulmana não permite a representação, através de qualquer tipo de imagem, de Maomé e Alá.

- O local de orações e pregações do Islamismo é chamado de mesquita.

- Nas mesquitas, as orações e pregações são feitas por um Imã (clérigo, autoridade religiosa do Islamismo).

Os pilares do Islã:

- Só existe um deus que é Alá. Maomé foi o seu profeta (mensageiro).

- Os muçulmanos devem rezar, em direção a Meca, cinco vezes ao dia.

- Jejuar (não comer e nem beber durante o dia) no mês de Ramadã. Neste mês sagrado, a alimentação deve ocorrer no período noturno.

- Ajudar as pessoas pobres, através da doação de esmolas.

- Visitar a cidade de Meca pelo menos uma vez na vida, para rezar junto a Caaba. Este evento é conhecido como Peregrinação a Meca.

A Caaba

    O local mais sagrado do mundo, para os muçulmanos, é a Caaba. Ela é uma construção quadrada, onde se encontra a pedra sagrada do Islã (“A Pedra Negra”). Este local é o principal ponto de peregrinação do mundo islâmico.

     Antes de Maomé, este local era utilizado pelas tribos árabes como uma espécie de centro de culto. Após unir as tribos árabes, Maomé incorporou a Caaba ao Islamismo.

Islamismo na atualidade

    Exemplos de países da atualidade em que o Islamismo é a religião seguida pela maioria da população:

   Afeganistão, Bahrein, Catar, Irã, Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Mauritânia, Cisjordânia, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Turcomenistão, Azerbaijão, Somália, Guiné, Tunísia, Senegal, Mali, Síria, Iêmen, Marrocos, Egito, Turquia, Indonésia e Paquistão.

Curiosidades:

- Os sunitas são o maior ramo de seguidores do Islamismo, com cerca de 83% dos fiéis. O segundo maior grupo é o dos xiitas.

- Entre os muçulmanos do ramo xiita, o aiatolá é aquele que possui maior importância na hierarquia do Islamismo.

- O calendário islâmico, também conhecido como hegírico, segue os movimentos da Lua ao redor do planeta Terra. Portanto, ele é um calendário lunar.

Resolva as questões 

1. Em que século surgiu o Islamismo e quais regiões ele alcançou rapidamente após sua origem?

2. Como era a religião dos árabes antes do surgimento do Islamismo?

3. Qual era a principal característica social e política das tribos árabes antes do Islamismo?

4. Quem foi o fundador do Islamismo e o que ele pregava?

5. O que foi a Hégira e por que é um evento importante na história islâmica?

6. O que aconteceu quando Maomé retornou a Meca em 630?

7. Após a morte de Maomé, quem passou a liderar os muçulmanos?

8. Quais territórios o Islamismo conquistou durante sua expansão?

9. O que significa a palavra “Islã” e como são chamados seus seguidores?

10. Cite dois dos cinco pilares do Islã.

11. O que é a Caaba e qual sua importância para os muçulmanos?

12. Cite três países atuais em que o Islamismo é a religião predominante.



sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Atividade complementar: As hierarquias, os cacicados e as relações de poder entre os povos das Américas

 Atividade complementar do texto 1. 

Pesquise sobre um povo indígena brasileiro (como os Tupinambás, Guaranis ou Xavantes) e descreva brevemente:

-Como era sua forma de organização social;

-Quem exercia o poder na comunidade;

- Como tomavam decisões importantes.


As hierarquias indígenas e a colonização: encontros e choques de poder

 Texto 2 As hierarquias indígenas e a colonização: encontros e choques de poder

     Quando os europeus chegaram às Américas, encontraram povos muito diferentes entre si —alguns organizados em pequenas aldeias, outros formando impérios grandiosos. As relaçõesde poder e hierarquias que existiam entre os povos indígenas influenciaram profundamentea forma como a colonização aconteceu em cada região.

1. Encontros entre mundos diferentes


  Os colonizadores europeus estavam acostumados a sociedades monárquicas e hierarquizadas, nas quais o poder vinha de cima para baixo. O rei concentrava a autoridade e governava com base em leis e instituições. Ao chegar às Américas, os europeus encontraram povos com outras formas de liderança — muitas delas baseadas no consenso, na tradição oral e no respeito à comunidade. Essa diferença de visão sobre o poder gerou choques e, muitas vezes, incompreensão mútua.

      Entre os povos Tupi-Guarani, por exemplo, os colonizadores se frustravam por não encontrarem um “chefe supremo” com quem negociar a posse de terras. Isso dificultava a dominação, pois as decisões eram coletivas. Já entre os astecas e incas, que possuíam impérios organizados e um governo centralizado, os europeus perceberam uma estrutura de poder mais parecida com a deles — o que facilitou as estratégias de conquista.

2. Quando a hierarquia facilita a dominação

     Nos impérios asteca e inca, a existência de uma hierarquia rígida foi um dos fatores que aceleraram a conquista europeia. Bastava derrotar ou capturar o governante principal —como aconteceu com o imperador Atahualpa entre os incas — para desestabilizar todo osistema político e religioso. Os espanhóis exploraram essa estrutura a seu favor, manipulando rivalidades internas e utilizando líderes locais como intermediários. Assim, as próprias hierarquias indígenas foram usadas para manter o controle colonial.

3. Resistência e autonomia nas sociedades igualitárias

     Por outro lado, entre os povos com lideranças descentralizadas, como muitos grupos da Amazônia e do interior do Brasil, o domínio europeu foi mais difícil. Sem uma autoridade única, os colonizadores não tinham com quem firmar acordos permanentes, e cada aldeia podia resistir de forma independente. Isso explica por que algumas regiões, como a floresta amazônica, permaneceram por séculos fora do controle efetivo das potências coloniais.

   As sociedades igualitárias valorizavam a liberdade individual, o trabalho coletivo e a tomada de decisão comunitária. Essas formas de organização expressavam valores muitodiferentes dos europeus, baseados na hierarquia, na obediência e na propriedade privada.

4. Choques culturais e novas formas de poder

    O encontro entre essas formas distintas de poder provocou mudanças profundas. Muitos caciques passaram a atuar como intermediários entre as aldeias e os colonizadores, buscando proteger seu povo ou garantir melhores condições de sobrevivência. Com otempo, porém, a colonização destruiu grande parte das estruturas tradicionais, impondo modelos políticos e religiosos europeus. Ainda assim, os valores indígenas de solidariedade,coletividade e respeito à natureza continuaram vivos, resistindo até os dias atuais nas comunidades tradicionais e nas lutas por reconhecimento e território.

5. O legado das lideranças indígenas

    Mesmo após séculos de dominação, muitos povos indígenas mantêm suas formas próprias de organização. O papel do cacique continua importante, não como autoridade autoritária, mas como porta-voz e protetor da comunidade. Essas lideranças mostram que o poder pode ser exercido de forma compartilhada, com base no diálogo e no bem comum — uma lição valiosa para toda a sociedade contemporânea.

Exercícios

1. Explique como as diferenças entre as formas de liderança indígena e europeia influenciaram o processo de colonização.

2. Por que os impérios como o asteca e o inca foram conquistados mais rapidamente pelos europeus?

3. Descreva de que maneira as sociedades igualitárias dificultaram o domínio colonial.

4. Complete as lacunas:

a) Nos impérios indígenas, o poder estava concentrado nas mãos do _______.

b) Entre os povos Tupi-Guarani, as decisões eram tomadas de forma _______.

c) A colonização destruiu muitas formas tradicionais de _______ indígena.

5. O que as lideranças indígenas podem nos ensinar hoje sobre poder, diálogo e respeito à comunidade?

As hierarquias, os cacicados e as relações de poder entre os povos das Américas

 Texto 1 As hierarquias, os cacicados e as relações de poder entre os povos das Américas

      Antes da chegada dos europeus, as Américas já eram habitadas por milhões de pessoas, organizadas em centenas de povos com culturas, religiões e línguas próprias. Esses povos desenvolveram diferentes formas de viver em sociedade, criando maneiras variadas de distribuir o poder e de tomar decisões. Assim como na história de outros continentes, nas Américas existiam sociedades simples e igualitárias, e também civilizações complexas e hierarquizadas.

1. Sociedades igualitárias e o papel do cacique

       Entre muitos povos indígenas da América do Sul — como os Tupi, Guarani, Xavante, Yanomami e outros — a vida em grupo era baseada na cooperação e no respeito mútuo. Nesses povos, o líder era conhecido como cacique, palavra de origem indígena que significa “chefe” ou “líder comunitário”.

        O cacique não mandava sozinho e nem possuía poderes absolutos. Sua autoridade vinha do prestígio pessoal, da experiência de vida, da habilidade de oratória e da sabedoria. Ele orientava o grupo, representava a aldeia em decisões importantes e mediava conflitos. As decisões mais relevantes, no entanto, eram tomadas em assembleias coletivas, nas quais todos podiam opinar. Essa forma de liderança é conhecida como liderança por consenso.

      Em geral, essas sociedades não tinham uma divisão rígida de classes sociais nem acumulação de riquezas. Todos compartilhavam os recursos da natureza, e o trabalho era coletivo. Por isso, são chamadas de sociedades igualitárias — porque não existiam grandes diferenças de poder e status entre as pessoas.

2. O surgimento dos cacicados

     Com o crescimento populacional e o aumento da complexidade das relações sociais, surgiram os cacicados, formas de organização política intermediárias entre as aldeias simples e os grandes impérios. Os cacicados apareceram principalmente na região do Caribe, México e norte da América do Sul, em povos como os taíno e os aruaques.

     Nesses grupos, o cacique tinha um poder mais amplo: ele controlava várias aldeias, coordenava a produção agrícola, organizava guerras e distribuía os bens produzidos. Também era responsável por manter a paz, cuidar das cerimônias religiosas e proteger o povo. Apesar de exercer autoridade, o cacique ainda dependia do respeito e do apoio de seus súditos e conselheiros. Seu poder não era apenas político, mas também religioso e simbólico, pois acreditava-se que ele possuía uma ligação especial com os deuses ou os espíritos da natureza.

     Os cacicados representavam, portanto, um passo importante na formação de estruturas políticas mais complexas. Eles mostravam como alguns povos indígenas desenvolveram formas de liderança centralizada e organizada, muito antes da chegada dos colonizadores.

3. As grandes civilizações e as hierarquias de poder

   Em algumas regiões das Américas, especialmente na América Central e nos Andes, surgiram civilizações com níveis elevados de organização social e política: os maias, astecas e incas. Esses povos construíram cidades monumentais, sistemas agrícolas avançados e exércitos poderosos. Suas sociedades eram altamente hierarquizadas, ou seja, divididas em grupos com diferentes funções e níveis de poder.

      Nos impérios asteca e inca, o poder máximo estava nas mãos do imperador, considerado uma figura sagrada. Abaixo dele vinham os nobres, os sacerdotes e os guerreiros, que exerciam funções de comando e administração. Já os camponeses, artesãos e escravos formavam as camadas mais baixas da sociedade. As religiões tinham papel central no controle social. Os governantes eram vistos como representantes dos deuses na Terra, o que reforçava sua autoridade e dificultava questionamentos. Assim, a religião, a política e a economia estavam fortemente ligadas, formando uma estrutura de poder complexa.

4. Relações de poder e diversidade cultural

     A variedade de formas de organização política nas Américas mostra que o continente era extremamente diverso e desenvolvido antes da colonização europeia. Enquanto algumas sociedades viviam em pequenas aldeias baseadas na igualdade e na partilha, outras haviam criado verdadeiros Estados com hierarquias e burocracias.

     Em todas elas, o poder era exercido de maneiras diferentes — ora pela sabedoria e prestígio moral, ora pela força militar e pelo controle religioso. Essa diversidade cultural foi, em grande parte, destruída com a colonização, que impôs novas formas de poder e exploração. Ainda assim, muitos povos indígenas preservaram tradições e valores que continuam vivos até hoje, como o respeito à natureza, o senso de coletividade e a valorização da palavra.

Exercícios

1. Explique com suas palavras o que caracterizava as sociedades igualitárias indígenas e como o poder era exercido nelas.

2. O que é um cacicado? Quais eram as funções políticas e religiosas do cacique nesses grupos?

3. Compare as formas de poder dos povos Tupi-Guarani e dos Impérios Asteca e Inca. Quais são as principais diferenças entre eles?

4. Complete as frases:

a) Nas sociedades igualitárias, o poder do cacique dependia do _______ do grupo.

b) Os cacicados eram formas de liderança _______ entre as aldeias simples e os grandes impérios.

c) Entre os povos asteca e inca, o imperador era visto como uma figura _______.

5. Por que podemos dizer que havia diversidade política entre os povos indígenas das Américas?

6. Você acredita que uma sociedade baseada no consenso e na partilha seria possível no mundo atual? Por quê?


quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Periodo Regencial e suas revoltas

 PERÍODO REGENCIAL

       O Período Regencial (1831- 1840) foi a época em que o Brasil foi governado por regências, pois o herdeiro do trono era menor de idade. Este período é caracterizado por momentos de grande conturbação no Brasil com várias revoltas civis. Termina com o Golpe da maioridade que levou ao trono D. Pedro II aos catorze anos de idade.

        Dom Pedro I enfrentava vários problemas internos como falta de apoio das elites econômicas e externos, como a derrota na Guerra da Cisplatina. Além disso, com a morte de Dom João VI, em Portugal, ele havia sido aclamado D. Pedro IV de Portugal. Neste momento em que o imperador perde a sua popularidade, decide abdicar ao trono brasileiro. Nessa altura, porém, o seu herdeiro, D. Pedro II, não podia governar, pois tinha 5 anos de idade. A solução, prevista pela constituição de 1824, era formar uma Regência até que D. Pedro II atingisse a maioridade.

Revoltas do Período Regencial

Abre-se uma época de grande disputa de poder e instabilidade política que dão origem a uma série de conflitos:

• Revolta dos Malês (1835): revolta de escravos ocorrida na Bahia, comandada por escravos de origem malê que seguiam a fé islâmica. Lutavam contra a discriminação, pela liberdade, contra a imposição do catolicismo e contra a miséria.

• Cabanagem (1835 – 1840): revolta que aconteceu no Pará, composta de pobres, indígenas, negros e mestiços que viviam em cabanas próximas dos rios. Em certa medida, contou com o apoio das elites agrárias locais, insatisfeitas com a centralização política promovida pelos regentes. Foi enfraquecida pela falta de organização interna e pelas traições dentro do núcleo de poder cabano.

• Balaiada (1838 – 1841).: revolta que ocorreu no Maranhão, composta de vaqueiros, agricultores pobres e escravos. Teve a participação de grupos liberais conhecidos como Bem-te-vi, nome dado ao jornal liberal publicado na província. Foi um movimento descentralizado e desorganizado, mas que teve impacto na região.

• Sabinada (1837 – 1838): revolta ocorrida na Bahia, comandada por liberais que chegaram a tomar a cidade de Salvador. Entretanto, algumas de suas propostas não foram bem vistas pelas elites agrárias locais (como a libertação dos escravos) e o movimento acabou tendo curta duração. As reivindicações eram os baixos salários dos militares e a insatisfação com o governo regencial, que queria enviá-los para resolver conflitos populares no Sul do país. Já o interesse por parte dos demais integrantes era ter maior participação política e mais acesso ao poder.

• Farroupilha (1835 – 1845): revolta que aconteceu no Rio Grande do Sul, comandada pelas elites agrárias locais (conhecidos como estancieiros), que criticavam os baixos impostos cobrados sobre o charque argentino. Essa revolta durou dez anos e fez com que tanto o Rio Grande do Sul como Santa Catarina se tornassem repúblicas independentes.

O Período Regencial contou com as seguintes regências:

• Regência Trina Provisória (abril a julho de 1831)

• Regência Trina Permanente (1831 a 1834)

• Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837)

• Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840)

Grupos políticos do Período Regencial

Nessa altura, havia três grupos políticos defendendo cada qual uma posição distinta de governo:

Liberais moderados (também conhecidos como ximangos): defendiam o centralismo político da monarquia constitucional;

Liberais exaltados (apelidados de farroupilhas): defendiam a federalização do governo, com mais poderes para as províncias e o fim do Poder Moderador.

Restauradores (ou caramurus): eram a favor do regresso de D. Pedo I. Após a morte deste, em 1834, vários membros entraram para partido dos liberais moderados.

       Em 1831 foi criada a Guarda Nacional para contrabalançar o poder que o Exército tinha no governo. Este corpo armado seria integrado por cidadãos que tivessem direito a voto ou seja, a elite brasileira é desempenharia um importante papel na política brasileira.

Ato Adicional (1834)

       O Ato Adicional foi um conjunto de propostas de caráter liberal introduzidos na Constituição de 1824. Entre essas medidas podemos destacar a criação de Assembleias Legislativas Provinciais cujo deputadosteriam mandato de dois anos e os governos provinciais podiam criar impostos, contratar e demitir funcionários. Também foi determinado que regência seria exercida por uma só pessoa e não três. O primeiro regente foi o padre Antônio Feijó.

Fim do Período Regencial

       As consequências da instabilidade política são as revoltas regências ocorridas em vários pontos do Brasil como vimos acima. Com o objetivo de acabar com a desordem e agitação, que levaria à desintegração do território brasileiro, o Partido Liberal propõe que a maioridade de D. Pedro II seja antecipada. A ideia é levada à votação na Câmara, mas não é aprovada. Desta maneira, os políticos tramam o Golpe da Maioridade, declarando D. Pedro II maior de idade aos 14 anos. Um ano depois, D. Pedro começa a governar o Brasil e tem início o Segundo Reinado.

Exercicio

1. Faça uma linha do tempo com os acontecimentos que marcaram cada ano ou etapa do período regencial.

2. Qual era o contexto histórico que o Brasil vivia que obrigou D. Pedro I a abdicar-se do trono em favor de seu filho D. Pedro II?

3. O Período Regencial foi marcado por grande disputa de poder e instabilidade política que dão origem a uma série conflitos. No quadro a seguir faça o inventário das principais revoltas deste período.


4. No Período Regencial, havia três grupos políticos defendendo cada qual uma posição distinta de governo. Relacione cada grupo político as suas reivindicações.

a) Liberais moderados.      ( ) defendiam a federalização do governo, com mais poderes para as províncias e o fim do Poder Moderador.

b) Liberais exaltados.              (  ) eram a favor do regresso de D. Pedo I. Após a morte deste, em 1834, vários membros entraram para partido dos liberais moderados.

c) Restauradores.                (  ) defendiam o centralismo político da monarquia constitucional.

5. Em 1831 foi criada a Guarda Nacional. Qual foi os motivos que levou a criação deste corpo armado, quem podia dela participar e qual era a sua função?

6. Em que consistia o Ato Adicional e quais foram as principais medidas criada por ele?