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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

REFORMA RELIGIOSA

 Reforma Religiosa

 

A Igreja Católica foi a única organização a manter-se unida durante o período medieval. Durante esse período ela alcançou um poder gigantesco dentro da Europa, mas no século XIV ela passou a perder sua autoridade e prestígio. Os reis estavam se fortalecendo e retiravam o poder das mãos dos senhores feudais e da Igreja. Para recuperar seu prestigio a Igreja se envolviam em guerras e mandavam construir igrejas magníficas como a Basílica de São Pedro, em Roma, como forma de demonstrar força e superioridade.

Mas tudo isso era muito caro. Para custear todo esse investimento os papas autorizavam a venda de indulgências – prática reprovada por muitos católicos. Para vender o perdão os padres cantavam: “Assim que a moeda no cofre cai, a alma do purgatório saí”. Além disso, muitos clérigos tinham uma vida de luxo e devassidão, e outros tantos não respeitavam a castidade. Outra lei da Igreja que desagradava aos fiéis (nesse caso os ricos burgueses) era a proibição do lucro abusivo, ou seja, a usura. Por fim, a Igreja era detentora de muitas terras que eram cobiçadas pelos nobres.

Assim a reforma protestante não foi simplesmente um protesto contra o lado humano ruim da Igreja. Não foi, de forma nenhuma, apenas por que os padres eram desonestos, impuros, devassos e vendiam indulgências que as Igrejas Protestantes surgiram. Elas também serviram para atender a interesses econômicos e políticos, de reis, nobres e burgueses.

O monge Martinho Lutero era padre na Alemanha quando um enviado do papa Leão X, anunciou a venda de indulgências em sua cidade. Inconformado, ele afixou, na portas da igreja uma carta com 95 teses criticando algumas das práticas da Igreja Católica.

Por causa das 95 teses Lutero acabou excomungado, mas como era protegido do príncipe da Saxônia (um dos muitos reinos alemães) ele pode desenvolver suas idéias. Entre as principais estão:

·       A justificação pela fé, pela qual as aparências têm valor secundário. A única coisa que salva o homem é a fé. Sem ela, de nada valem as obras de piedade, os preceitos e as regras.

·       Por isso a Igreja não tem função, o papa é um impostor, a hierarquia eclesiástica, uma inutilidade.

·  Outra idéia de Lutero era o livre-exame. A Igreja era considerada incompetente para salvar o homem; por isso sua interpretação das Sagradas Escrituras não era válida: Lutero queria que todos os homens tivessem acesso à Bíblia (por isso a traduziu do latim para o alemão).

Lutero criou uma nova Igreja, com uma nova doutrina religiosa, o luteranismo. Ele pregava que só a fé os salvaria e condenava as indulgências e a confissão. Ele também negou a infalibilidade do papa, diminuiu os sacramentos de 7 para 2 (batismo e eucaristia) e simplificou a cerimônia religiosa: feita por um pastor, deveria limitar-se à leitura da Bíblia, orações, ao sermão e aos hinos.

O luteranismo espalhou-se pela Alemanha, Suíça, França, Flandes, Dinamarca, Noruega e Hungria. Houve a tentativa e impedir o avanço da nova doutrina, mas os fiéis (já muitos) protestaram em defesa de seus direitos. A partir daí a nova Igreja passou a ser conhecida como protestante.

Mas ele não foi o único que atacou a Igreja Católica. Na mesma época, Thomas Münzer tentou criar uma nova Igreja cristã na Alemanha. Münzer era professor universitário e seguidor das idéias do humanismo renascentista. Ele liderou um movimento religioso chamado anabatista.

O catolicismo não era mais o único representante da doutrina cristã na Europa ocidental. A divisão do cristianismo em novas Igrejas chamou-se Reforma.

À diferença dos católicos, os anabatistas não aceitavam o batismo dos bebês. Preferiam que o batizado fosse realizado apenas em adultos, em pessoas com idade para entender plenamente a religião.

Seguidor do individualismo dos humanistas, Thomas Münzer tinha uma interpretação própria da Bíblia. Achava que o cristianismo era uma mensagem religiosa a favor dos pobres e contra os ricos. Na verdadeira sociedade cristã, dizia ele, todos os bens seriam divididos entre as famílias. Não haveria nobres nem gente sem terra para cultivar.

As idéias anabatistas influenciaram os trabalhadores rurais. Em vários lugares da Alemanha, os camponeses invadiam os castelos e expulsavam os nobres. As terras dos feudos eram tomadas e divididas entre os servos. No fundo, a reforma anabatista era uma revolta camponesa contra o feudalismo. Mas ela se expressava através da religião.

A nobreza alemã organizou um grande exército, composto por católicos, protestantes, burgueses e padres e, em maio de 1525, eliminou mais de 100 mil camponeses, inclusive Thomas Münzer. A reforma anabatista fracassou. A reforma vitoriosa foi a luterana.

No final, a Reforma Luterana não se espalhou por toda a Alemanha. Os Estados alemães do sul e do leste (Áustria) permaneceram católicos. No norte da Alemanha, a maioria da população aderiu ao protestantismo de Lutero, que alcançou outros povos, como os noruegueses, suecos e dinamarqueses.

Na Suíça, o luteranismo foi defendido pelo francês João Calvino, que, acrescentando-lhe suas idéias, deu origem a uma nova doutrina, o calvinismo. Calvino defendia a predestinação. Acreditava que algumas pessoas já estavam escolhidas por Deus para serem salvas. A fé e a prosperidade econômica eram sinais da escolha divina — o que valorizava o trabalho e justificava as atividades da burguesia. Calvino também pregava uma vida puritana, sem excessos de luxo e conforto, sem esbanjamento material: o calvinista deveria ser austero e disciplinado. Esse comportamento favorecia a acumulação e, portanto, a riqueza. Por isso, na verdade, Calvino estava trabalhando em nome de uma classe social, a burguesia e, nesse ponto, além a força espiritual há também a força econômica dos novos ricos.

O Anglicanismo


Na Inglaterra, em 1534, o rei Henrique VIII rompeu com a Igreja católica, fundando o anglicanismo. Essa ruptura aconteceu em represália à recusa do papa ao pedido de divórcio que o rei lhe fizera. Além disso, o acúmulo de terras e de bens e a influência que a Igreja católica na Inglaterra exercia sobre a população incomodavam. O anglicanismo conservou grande parte da doutrina e do culto católico, que passou a ser celebrado em inglês; admitiu o divórcio e manteve a hierarquia do clero (padres, bispos e arcebispos), mas não aceitou a submissão ao papa. O rei da Inglaterra passou a ser também a autoridade suprema da Igreja anglicana. O que o rei buscava era livrar-se da influência e do poder do papa, o que conseguiu.

A Reforma Católica 

Diante essa situação a Igreja Católica teve de tomar providências urgentes para recuperar o prestígio evitar que milhões de fiéis passassem para “o outro lado”. Assim ela começou a se corrigir, se reorganizar de dentro para fora.

No Concílio de Trento (1545—1563 a cúpula da Igreja (o papa e os bispos reunidos) decidiu mudar muitas coisas Tinha início a Contra-Reforma Católica. A primeira providência foi uma faxina na moral no clero: os padres mais corruptos e incompetentes foram afastados Acabou a venda de indulgências. Os novos padres tinham de estudar mais e eram controlados de perto para que “não se desviassem do caminho da santidade”

O concílio confirmou a doutrina católica e repudiou o protestantismo. Manteve o uso do latim na missa e o celibato para o clero. Reafirmou a autoridade e a infalibilidade do papa, ao qual toda a comunidade católica devia submeter-se. Porém, cedendo às críticas, decidiu fundar seminários, onde se instruiriam os futuros padres. A venda de cargos religiosos não seria mais permitida. Também ficou proibida a venda de relíquias e de indulgências.

A Igreja católica também promoveu um estilo artístico que havia surgido no início do século XVI, em Roma: o Barroco. Esse estilo não se restringiu ao contexto religioso, mas ficou identificado com a Contra-Reforma: exuberante, deslumbrava os fiéis ao apelar para a sensibilidade e a emoção. Os artistas criavam imagens que pareciam sair da tela ou estátuas que pareciam vivas, graças aos cabelos naturais, olhos de vidro e trajes elaborados. As igrejas barrocas eram monumentais: espaçosas e iluminadas, com altares enormes e decoradas em mármore, bronze, ouro e marfim.

O famoso Tribunal do Santo Oficio, também chamado de Tribunal de Inquisição, foi revigorado (ele existia desde a Idade Média). Era formado por padres e julgava as pessoas acusadas de heresia (ofensa ao cristianismo, ou seja, ao cristianismo segundo a visão dos católicos).

Os suspeitos de cometer heresia eram presos e interrogados pelos padres inquisidores. E aí começava a face tristemente brutal da Inquisição: os acusados eram torturados até que confessassem (ou morressem de tanto apanhar). Por exemplo, os pés do prisioneiro eram mergulhados dentro de um panelão com azeite fervendo, palitos eram enfiados debaixo de suas unhas, os mamilos eram arrancados fora com um alicate. Geralmente o acusado berrava de dor e, sofrendo muito, acabava confessando inclusive o que não tinha feito. Então era punido. O castigo poderia ser desde uma simples advertência até a perda de seus bens (dinheiro, casa, móveis, roupas etc.), a prisão ou, em casos mais graves, a morte na fogueira.

Afinal, quem era considerado herege? Para começar, os protestantes. Mas também os judeus. Os judeus acabaram sendo expulsos da Espanha e de Portugal, que assim perderam excelentes artesãos, médicos, intelectuais, comerciantes e banqueiros.

As mulheres acusadas de bruxaria e de feitiçaria também queimaram na fogueira da Inquisição. É claro que elas não eram verdadeiramente feiticeiras ou bruxas. Mas as mulheres que não seguiam a moral tradicional, que cultivavam antigas crenças pagãs, que receitavam ervas medicinais para ajudar as pessoas eram candidatas à fogueira. Mulheres bonitas e judias podiam ser acusadas de enfeitiçar os homens e também encaminhadas para a Inquisição. Os historiadores atuais calculam que mais de 40 mil mulheres foram queimadas como bruxas entre os séculos XV e XVIII.

Os filósofos e cientistas que contraiam a doutrina da Igreja Católica também corriam riscos. O físico italiano Galileu Galilei, por exemplo, quase foi executado por ter defendido a ideia copernicana de que o Sol não está no centro do Universo

Outro instrumento da Contra-Reforma foi o Índex, que era uma lista de livros a Igreja proibia que fossem publicados. Uma censura contra as novas ideias filosóficas, científicas e religiosas da época.

Durante a época em que o Brasil foi colonizado (1532 a 1822), não existia um Tribunal de Inquisição permanente no país. Mas aconteceram visitas de padres inquisidores. Algumas pessoas chegaram a ser presas e enviadas para o castigo em Lisboa.

Quem a Inquisição atacou no Brasil? Em primeiro lugar, os judeus. Inclusive os cristãos-novos, que eram judeus que fingiam ter se convertido ao cristianismo para fugir das perseguições religiosas (em Portugal eram chamados de marranos). A Inquisição também puniu algumas mulheres, acusadas de feitiçaria. Outro grupo severamente castigado era o dos homossexuais, que são as pessoas que amam e têm relações sexuais com outras do mesmo sexo. Os historiadores atuais descobriram vários documentos comprovando que eles eram presos e torturados.

É importante ressaltar que não foi apenas a Igreja Católica que usou da força contra os fiéis. Além do caso dos anabatistas, as novas Igreja Protestantes também mataram milhares de mulheres acusando-as de feitiçaria e também muitos católicos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.        Explique a origem dos termos: luteranismo, calvinismo e anglicanismo.

 

2.        A Reforma Protestante foi uma reação contra ideias e práticas difundidas pela Igreja Católica. Enumere e comente três dessas ideias e práticas.

 

3.        Quais as mediadas tomadas pela Igreja Católica para conter a Reforma Protestante?

 

4.        Por que o calvinismo atraiu tantos comerciantes e banqueiros?

 

5.        O que significou a Reforma: a divisão do cristianismo ou o nascimento de novas religiões? Faça um comentário.

 

6.        Qual a diferença entre Igreja e Religião? Pode-se criticar uma sem, necessariamente, criticar a outra?

 

7.        O que foi o Concílio de Trento?

 

8.        Explique o que foi o Index. Na sua opinião essa censura era eficaz?


OS INDIGENAS DO BRASIL

 

Os indígenas do Brasil

Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmos direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo.

Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

A formação social era bastante simples, as aldeias não tinham grandes concentrações populacionais e as atividades eram exercidas de forma coletiva. O índio que caçasse ou pescasse mais dividia seu alimento com os outros.

A coletividade era uma característica marcante entre os índios. Suas cabanas eram divididas entre vários casais e seus filhos e, como não havia classes sociais, até mesmo o chefe da tribo dividia sua cabana.

Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.

A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprendem desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o índiozinho junto para que este aprenda. Portanto, a educação indígena é bem pratica e vinculada à realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.

Os contatos entre indígenas e portugueses

Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho. 

O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenos número de índios que temos hoje.

A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.

Rituais indígenas

Algumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o litoral da região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e conhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes.

Religião

Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos colocavam os corpos dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os seus objetos pessoais. Isto demonstra que estas tribos acreditavam na vida após a morte.

Legislação

A Constituição Federal promulgada em 1988 é a primeira a trazer um capítulo sobre os povos indígenas. Reconhece os "direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam". Eles não são proprietários dessas terras que pertencem à União, mas têm garantido o usufruto das riquezas do solo e dos rios.

A diversidade étnica é reconhecida, bem como a necessidade de respeitá-la. É revogada a disposição do Código Civil que considerava o índio um indivíduo incapaz, que precisava da proteção do Estado até se integrar ao modo de vida do restante da sociedade.

 

Exercício

1. Como se organizavam as sociedades indígenas?

2. Faça um comentário sobre o pajé e o cacique:

3. Explique o termo antropofagia:

4. - Eram características dos indígenas nativos do Brasil na chegada dos portugueses, em 1500.

a) A obtenção de recursos baseados na coleta, caça e agricultura.

b) A existência de apenas um idioma comum a todas as tribos.

c) A existência de grandes cidades, como a dos astecas.

d) A ausência de artesanato.

5. Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram:

a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais.
d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração da borracha.
e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.

SOCIEDADES PRÉ-COLOMBIANAS: MAIAS, INCAS E ASTECAS

 

Civilizações pré-colombianas

 

MAIAS, INCAS E ASTECAS

 

OS MAIAS: Desenvolveram sua civilização na América Central, em territórios que hoje compreendem o sul do México, a Guatemala, Belize e Honduras, chegando a expandir sua influencia para áreas ao norte, localizadas na  região central do México.  Os antepassados mais antigos dos maias viviam na costa do Oceano Pacífico, já por volta de 1800 a.C. Eram sedentários e produtores de vasos cerâmicos, espalhado sua civilização, pouco a pouco, por uma imensa área da América  Central. A partir de 250 D.C., as cidades maias floresceram, até por volta do ano 900 d.c. – o que corresponde ao que foi chamado de Período Clássico, caracterizado pelo desenvolvimento da agricultura e pela formação de muitas cidades planejadas, como Copán, Palenque e Tikal. Nessas cidades, as construções foram se tornando cada vez mais complexas, com destaque para templos e pirâmides.

                As cidades do Período Clássico foram sendo abandonadas no século IX d.C., não se sabe ainda, ao certo, por que, mas a maioria dos estudiosos considera que pode ter sido em conseqüência de fortes mudanças climáticas, que provocaram o resfriamento  de amplas áreas no Hemisfério Norte. Por causa de mudanças, teria havido o esgotamento agrícola na região, agravando as dificuldades econômicas, que provocaram muitas lutas internas. O período pós-clássico (século X-XVI) testemunhou o florescimento de centros mais ao norte, no Yucatán, como Chichén Itzá. Finalmente, os Maias defrontaram-se com os conquistadores espanhóis, tendo sido por eles catequizados, embora tenham mantido sua língua e outros traços culturais, o que se comprova pelo fato de, até hoje, a população dessas regiões maias falar o antigo idioma e preservar muitos costumes e tradições milenares.

                Os maias desenvolveram um sofisticado sistema de escrita, usando ideogramas e sinais silábicos para grafar e registrar os acontecimentos, suas crenças e cálculos astronômicos. Sobre a observação dos astros, os conhecimentos desenvolvidos pelos maias impressionam os estudiosos até hoje, por sua grande precisão, havendo quem afirme que nunca antes, em outra civilização, os fenômenos astronômicos haviam sido observados  com tanta acuidade. Um dos motivos dessa preocupação com os astros era a motivação religiosa, pois consideravam que a história humana e natural dependia desses cálculos preciosos.

 OS ASTECAS: Ao norte, no México, a civilização asteca  desenvolveu-se ao redor do Vale do México a partir do século XIII, com sua capital localizada em Tenochtitlán.  Os astecas expandiram-se em direção ao sul, conquistando parte da América Central. Só foram derrotados pelos conquistadores espanhóis, a partir de 1519. A civilização asteca ficou conhecida por seu ímpeto guerreiro e pelos sacrifícios humanos e canibalismo que realizavam. Ambas as praticas tinham caráter religioso, mas impressionaram os espanhóis e, depois,  os próprios estudiosos, em razão do elevado número de pessoas sacrificadas. Contemporâneos  espanhóis relataram que os astecas explicavam tais mortes afirmando que os europeus  se  matavam em guerras, enquanto os astecas sacrificavam os sobreviventes após as batalhas.

            OS INCAS: A terceira grande civilização americana foi a inca. Os incas formaram o maior império do continente americano, não havendo, em sua época de esplendor, qualquer reino europeu que a ele se equiparasse. Sua formação data do século XIII d.C., na região dos Andes, com capital em Cuzco, abrangendo um território que, de norte a sul, estendia-se da atual Colômbia até a Argentina, com seu centro no Peru. O grande Império Inca espalhou-se por áreas montanhosas, mantendo as comunicações por um sistema de estradas único -  considerado por alguns pesquisadores como o melhor do mundo, em sua época, por onde passavam pessoas, animais de carga e transporte. Até as trilhas indígenas do Brasil estavam conectadas com essas vias. Pavimentadas, as estradas incas tinham escadas e pontes de madeira e corda, já que a roda nunca foi usada no continente americano, até a chegada dos europeus. Para administrar  esse imenso império, os incas também inventaram um sistema de escrita diferente de todos os outros conhecidos. Eram usados  cordas e nós, chamados de quipos, cuja descrição chegou até os espanhóis, que os destruíram quase todos, de modo que, ao contrario da escrita maia, a inca não pode ser decifrada. Mesmo assim, a língua desse povo, o quícha, continua sendo falada até os dias de hoje. Pela imensidão do império, seu idioma e sua cultura forma difundidos para muito além de suas dilatadas fronteiras. Por exemplo, a palavra “garoa”, usada no sul do Brasil e na Argentina, áreas muito distantes do antigo Império Inca, é o idioma quíchua e significa “chuvisco”.

                Assim como os maias e os astecas, os incas também acabaram derrotados pelos espanhóis, no século XVI, mas, no caso deles, a conquista foi mais lenta do que nas terras menos montanhosas ocupadas pelos outros dois povos.  Nos Andes, o último rei inca, Túpac Amaru, foi capturado apenas em 1572. O Império Inca deixou de existir, mas o idioma e a cultura dos quíchua continuaram em uso e se fundiram com os dos espanhóis.

 

Responda:

 

  1. Como se caracteriza o período clássico dos Maias?
  2. Porque os Maias se preocupavam em registrar acontecimentos astronômicos?
  3. Como ficou conhecida a civilização Asteca?
  4. Onde ficava localizada a capital dos Astecas?
  5. Das três civilizações citadas no texto, qual a que desenvolveu o maior império do continente americano?
  6. Explique a escrita quipo:
  7. Comente sobre as estradas Incas:
  8. A palavra “garoa” vem do idioma quíchua dos Incas. O que significa?
  9. Que povo europeu dominou as civilizações pré- colombianas?
  10. Qual foi o ultimo rei inca a ser capturado pelos espanhóis?

CICLO DA BORRACHA

 

CICLO DA BORRACHA

A Sociedade da Borracha na Amazônia (1870 – 1815)

 

Durante o período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e o primeiro quartel do século XX (1870-1915), ocorreu o processo de expansão e apogeu da economia da borracha na Amazônia. Nesta época, a exploração da borracha silvestre, através do extrativismo, foi possível em razão de diversos fatores. Em primeiro lugar o desenvolvimento da indústria de pneumáticos, que possibilitou uma crescente demanda pelo consumo da borracha nos países industrializados da Europa e Estados Unidos da América e, portanto favoreceu o crescimento da extração e exportação da borracha brasileira. Em segundo lugar, a borracha silvestre brasileira (Hevea Brasiliensis), fez com que a Amazônia em pouco tempo fosse o principal fornecedor de borracha em nível mundial, detendo indiscutível monopólio. Outro fator foi a disponibilidade de mão de obra necessária a extração do látex nas matas amazônicas, através da imigração nordestina que garantia a extração da borracha por um custo baixo. Havia também, a existência do sistema de financiamento da extração e comercialização da borracha amazônica, através do aviamento que, favorecendo o processo de dependência dos seringueiros em relação aos seringalistas, permitia justamente a exportação da borracha pelos portos de Belém e Manaus; além de casas de comércio estrangeiras na Amazônia que, fazendo importação e exportação de produtos, acabava monopolizando a venda da borracha para os mercados europeus e norte-americanos, permitindo o seu escoamento.

Do sertão seco a mata molhada

Foi do sertão nordestino, principalmente cearense, árido e seco, que saíram não somente os primeiros aventureiros que estabeleceram os seringais nos altos rios amazônicos, mas também a imensa maioria dos que vieram a trabalhar como seringueiros. Quais foram os motivos que levaram a intensa migração de nordestinos para a Amazônia? Essa imigração ocorreu principalmente nos longos períodos de seca na região, como por exemplo, a trágica seca de 1877, que praticamente se estendeu ate 1880. Estima-se que só em 1878 emigraram para a Amazônia em torno de cinquenta mil homens, mulheres e crianças, e outros tantos pereceram de fome, sede e epidemias no Ceará. Outros motivos também contribuíram para esse processo, como a crise na produção algodoeira no início da década de 1870 e a formação de excedentes populacionais no interior das unidades econômicas tradicionais do Nordeste (pecuária tradicional). Os patrões faziam verdadeiro recrutamento, financiando as passagens e despesas de viagem de vários migrantes e acenando com vantagens e possibilidades de enriquecimento. Depois, é claro, essas despesas eram computadas como dívida para o seringueiro, e constituíam uma forma de prender a mão de obra.

O Seringal

Para se abrir um seringal não era necessário comprar as terras onde ocorreria a extração do látex, e sim simplesmente ocupá-las. Para esse processo era preciso alguém que conhecesse a floresta e soubesse marcar as “estradas de seringa”, ou seja, um mateiro; uma turma de seringueiros cujo número dependia da quantidade de seringueiras existentes na área; e, sobretudo uma provisão de mercadorias suficientes para sustentá-los durante os primeiros meses, até que um novo carregamento pudesse chegar. Essas mercadorias eram normalmente conseguidas a crédito com as “casas aviadoras” de Belém ou Manaus, ou seus intermediários mais próximos nos seringais já abertos, que também muitas vezes financiavam a vinda de migrantes nordestinos. Assim essas casas aviadoras que forneciam todo o crédito necessário a formação de novas áreas de extração da borracha, ganhando com isso uma relação de dependência com os patrões das áreas que se obrigavam a pagar seus débitos com borracha, requerendo novos créditos para temporadas posteriores.

A grande maioria dos seringueiros, porém, chegava a seringais já abertos, e com sistema de produção e comércio já bem organizado. Ao chegar no seringal, o “brabo”, como era chamado o seringueiro que não tinha ainda experiência, recebia no barracão os suprimentos para a sua primeira quinzena na mata: farinha, jabá, sal, sabão, querosene para a iluminação, uma espingarda, munição, e os instrumentos para o corte da seringa, a machadinha, tigelas e o balde para colher o leite. Todas essas mercadorias eram anotadas em sua conta-corrente, juntamente com as despesas da viagem, e o desafio era conseguir, mesmo sem experiência, “tirar saldo” nessa conta, ao final da temporada de corte da borracha. 

Durante o período de colheita do látex, entretanto, a vida do seringueiro era bastante trabalhosa. Acordava-se geralmente às duas horas da manhã para começar o corte das arvores, tendo que inicialmente caminhar entre três e seis horas para fazer as incisões na casca das heveas e colocar as tigelinhas abaixo do corte para que o leite caísse dentro. Depois que chegava ao ponto final, o seringueiro ia “quebrar o jejum” e pegar o balde para recolher o leite. Mais uma caminhada, de árvore em árvore, recolhendo o látex das tigelas. E ao final da trilha, sem demora era necessário passar ao processo de defumação da borracha (transformação do leite através de calor em forno especial em uma bola de borracha escura). 

O seringal geralmente compreendia grande extensão de terra, bastante variável. A margem do rio que lhe dava acesso, normalmente ficava o Barracão, que podia ser apenas uma construção compreendendo a residência do proprietário, o armazém e o escritório, ou podia ser composto de várias construções separadas. Em torno do barracão não era raro que houvesse alguma criação de gado e porcos para alimentar o patrão e seus empregados, bem como para os dias de festa. Entretanto nesse período o seringal era basicamente uma unidade de produção de borracha que importava praticamente tudo que era necessário para a subsistência dos que aí viviam. A imposição das mercadorias constituía uma forma de impossibilitar aos seringueiros a acumulação de saldos favoráveis em suas contas com o patrão, e deste com as casas aviadoras; gerando lucro ainda maior para os últimos.

A Crise

Desde que foi descoberta pelos europeus, a borracha prestou-se a múltiplos usos: sapatos e capas impermeáveis, seringas, bolas para jogos, etc. Porém, com a Revolução Industrial que se processou ao longo do século XIX, esta matéria-prima passou a ocupar lugar estratégico para toda a indústria, já que foi usada na confecção das máquinas a vapor, entre outras, tornando seu funcionamento muito mais eficiente. Cedo, portanto, os ingleses perceberam o valor estratégico da borracha, então somente encontrada, em sua espécie mais produtiva e de melhores características para a indústria – a Hevea brasiliensis, na floresta Amazônica. Assim, ao se dar conta do grande valor da borracha, a Coroa Inglesa logo encontrou meio de quebrar o controle brasileiro sobre o produto: tratou de cultivá-las em suas colônias do Oriente. 

No entanto, a domesticação da Hevea brasiliensis foi um processo demorado e burocrático que levou cerca de cinquenta anos desde a obtenção dos primeiros espécimes pelo jardim Botânico Real de Kew, na década de 1850, e o início da produção das primeiras Heveas cultivadas no Oriente, em fins da década de 1890. essas sementes foram plantadas e replantadas, enxertadas e experimentadas até que se conseguiu planta-las em escala comercial no Sri Lanka e, principalmente, na Malásia. O plantio era feito em fazendas no estilo plantation, utilizando-se a mão de obra extremamente barata dos trabalhadores asiáticos. Além do mais, diferentemente dos seringais nativos, nas fazendas de cultivo asiáticas as árvores eram plantadas em fileiras, próximas alguns metros umas das outras, tornando o trabalho muito mais fácil de controlar e, portanto, muito mais produtivo e barato. 

A borracha do Oriente começou a atingir o mercado em 1890, ainda em pequena escala, porém não demorou em ultrapassar a produção amazônica, a partir de 1913. Como consequência da grande quantidade de borracha no mercado, bem como dos menores custos de produção da borracha oriental, o preço do produto começou a cair em grandes proporções. A queda vertiginosa do preço da borracha fez desmoronar toda a estrutura montada sobre o comércio da borracha silvestre na Amazônia, e que somente conseguia sustentar seus lucros, divididos em diversos níveis, por meio do preço elevado do látex. As firmas aviadoras, que praticamente financiavam as safras da borracha, conseguindo, no período de ascensão dos preços, lucros espantosos, foram as primeiras a sentir os efeitos da queda dos preços. E juntamente com as firmas aviadoras, os bancos, casas importadoras e exportadoras, comerciantes atacadistas, entre outros membros da cadeia comercial da borracha, também faliram ou tiveram de enfrentar longa e dura decadência em seus negócios. Contudo, a produção da borracha não parou, e na verdade diminuiu muito pouco nos anos que se seguiram à crise. 

Durante esse período, os seringueiros adquiriram maior autonomia perante os patrões, especialmente nos seringais mais distantes. Porem não houve extinção total do sistema de aviamento, que ficou reduzido a poucas mercadorias de troca, mas mercadorias essenciais. A queda do preço da borracha gerou verdadeira transformação social na Amazônia na criação de um novo modo de vida, com a subsistência por meio da produção agropecuária em pequena escala e do extrativismo (caça, pesca e coleta). Essa transformação também significou que os seringueiros tornaram-se aos poucos uma população tradicional, ou seja, mantêm grande dependência em relação ao território que ocupam. Portanto, para compreender a Amazônia de hoje, é imprescindível o estudo do que aconteceu com a crise da borracha e a transformação dos modos de vida das populações que aqui viviam. 

A Batalha da Borracha: 0 Estado e o Negócio da Borracha 

A batalha da borracha foi um grande investimento feito em conjunto pelos governos do Brasil e Estados Unidos, na região amazônica, com o objetivo de produzir borracha silvestre para suprir os Aliados (bloco liderado pela Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética), durante a Segunda Guerra Mundial, deste produto estratégico para a guerra. Com a invasão japonesa dos seringais do Oriente, e a posição do Japão favorável à Alemanha e à Itália, os estoques de borracha dos Aliados começaram a diminuir muito, e a produção brasileira no mercado não era suficiente para a demanda. 

Desse modo, para aumentar a produção em pouco tempo era necessário muito mais que o aumento do preço da borracha. Entre outras iniciativas adotadas, como o estabelecimento do monopólio estatal sobre o comércio da borracha, foi imprescindível a mobilização de milhares de migrantes nordestinos rumo a Amazônia, os chamados “soldados da borracha”. 

A forma de encaminhamento dos novos migrantes aos seringais agora obedecia a um contrato-padrão e a uma série de medidas que visavam aparentemente assegurar alguns direitos aos seringueiros, e muitos aos patrões, agora chamados de “seringalistas”. Havia um serviço de saúde e higiene, um kit composto de rede, sandálias, prato, copo, etc., e até treinamento para os futuros seringueiros em Belém do Pará. Além dessas vantagens pecuniárias, havia outras que eram prometidas pelo governo, como: isenção do serviço militar obrigatório, pagamento de pensão a família em caso de morte ou invalidez, contrato de dois anos, entre outras. 

 

RESPONDA:

 

1. O que foi o sistema de aviamento durante o ciclo da borracha?

 

2. Qual era a função do “aviador” no contexto da extração da borracha, na Amazônia, durante o ciclo da borracha?

a) contratar o serviço dos serigueiros e organizar econômica e administrativamente as regiões onde era extraída a borracha.

b) levar os imigrantes nordestinos para as plantações de seringas, protegendo-os de ataques indígenas.

c) transportar de avião cargas com látex para os Estados Unidos e Europa.

d) construir aeroportos nas regiões das plantações de seringueiras, com a finalidade de escoar o produto para fora do país.

e) apresar e empregar a força do trabalho escravo indígena na extração da borracha.

3. A Amazônia viveu o sonho transitório de riqueza graças à borracha. A borracha ocupou folgadamente o segundo lugar dentre os produtos brasileiros de exportação, alcançando o ponto máximo entre 1898 e 1910. Boris Fausto

Dentre as consequências dessa atividade econômica para a região, podemos citar:

a) Foram alteradas substancialmente as condições sociais, graças à melhor distribuição de renda e à qualidade de vida dos seringueiros.

b) Provocou migrações da região sudeste, base da mão-de-obra utilizada nesse ciclo extrativista.

c) Gerou o crescimento da população urbana, migrações da região nordeste, concentrou a renda, entrando em declínio devido a concorrência da produção inglesa e holandesa na Ásia.

d) Não trouxe concentração de renda nem alterou o modo de vida das capitais Belém e Manaus.

e) Constituiu-se no ponto de partida do desenvolvimento e na diversificação das atividades econômicas da região.

 

4.  A produção de borracha na Amazônia: 

a) Favoreceu a ascensão social do seringueiro. 

b) Propiciou o aparecimento do regatão. 

c) Instituiu o barracão como unidade produtiva. 

d) Incentivou o acúmulo de capital e do mercado interno. 

e) Consolidou o sistema de aviamento.

 

5. Quais as cidades mais beneficiadas com o ciclo da borracha?