
Reinos Africanos
- Reino Gana
O Antigo Império Gana teve seu apogeu entre os anos 700 e 1200 d.C. Acredita-se
que o florescimento desse império remonte ao século IV. Fundado por povos
berberes, segundo uns, e por outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas,
do grupo soninkê. O antigo nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área
tão vasta quanto à da moderna Nigéria e, incluía os territórios que hoje
constituem o Mali ocidental e o sudeste da Mauritânia. Kumbi Saleh foi uma das
suas últimas capitais. Segundo relatos históricos, o Antigo Império de Gana era
tão rico em ouro, que seu imperador, adepto da religião tradicional africana,
tal como seus súditos, eram denominados “o senhor de ouro”. Com a concorrência
de outras potências no comércio do ouro, o Antigo Império Gana começou a
declinar. Até que, por volta de 1076 d.C., em nome de uma fé islâmica ortodoxa,
os berberes da dinastia dos almorávidas, vindos do Magrebe, atacam e conquista
Kumbi Saleh, capital do Império de Gana.
O atual Gana, que antigamente se chamava Costa de Ouro, deve o seu nome moderno
ao de um antigo império que dominava a África Ocidental durante a Idade Média. O velho Gana ficava a muitos quilômetros mais para norte do actual, entre o
deserto do Saara e os rios Níger e Senegal.O Gana foi provavelmente fundado
durante os anos 300. Desde essa data até 770 os seus governantes constituíram a
dinastia dos Magas, uma família berbere, apesar do povo ser constituído por
negros das tribos Soninque. Em 770 os Magas foram derrubados pelos Soninques, e
o império expandiu-se grandemente sob o domínio de Kaya Maghan Sisse, que foi
rei cerca de 790.Nessa altura o Gana começou a adquirir uma reputação de ser
uma terra de ouro. Atingiu o máximo da sua glória durante os anos 900 e atraiu
a atenção dos Árabes. Depois de muitos anos de luta, a dinastia dos Almorávidas
berberes subiu ao poder, embora não o tenha conservado durante muito tempo. O
império entrou em declínio e em 1240 foi destruído pelo povo de Mali.Os
soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava
organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era
comandado por reis conhecidos como caia-maga. Viviam da criação de animais, da
agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro.
Extraíam o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto
(bérberes). A região de Gana, tornou-se com o tempo, uma área de intenso
comércio. Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que
era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia
a proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar
impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que
trabalhavam nas terras da nobreza.
2. Reino Mali
Os fundados do Antigo Mali teriam sido caçadores reunidos em confrarias ligadas
pelos mesmos ritos e celebrações da religião tradicional. O fervor com que
praticavam a religião de seus ancestrais veio até bem depois do advento do
Islã. Conquistando o que restara do Antigo Gana, em 1240, Sundiata Keita,
expandiu seu império, que já era oficialmente muçulmano desde o século
anterior. E, o Mali se torna legendário, principalmente sob o mansa (rei) Kanku
Mussá, que, em 1324, empreendeu a peregrinação a Meca com a intenção evidente
de maravilhar os soberanos árabes.
No século XVI chegou a ser o mais importante entreposto comercial do império,
mas os mesmos factores que causaram a decadência da «cidade irmã» – o comércio
marítimo dos portugueses, a ocupação marroquina e, depois, francesa – acabaram
por torná-la num insignificante centro agrícola dotado de magníficos exemplares
de arquitectura islâmica.
Djenné foi igualmente um importante centro de peregrinação e cultura, atraindo
peregrinos e estudantes de toda a África ocidental. Durante muito tempo foi uma
verdadeira escola de juristas. Os seus monumentos, entre os quais se destaca
uma Grande Mesquita que remonta ao século XIII, recorrem ao mesmo tipo de
material e técnicas construtivas que os de Tombuctu. O que dá origem a
problemas de conservação muito semelhantes.
3. Reino Ioruba
A sudeste da atual Nigéria constituíra-se o poderoso e dinâmico grupo Ibo.
Possuía uma estrutura ultrademocrática que favorecia a iniciativa individual. A
unidade sociopolítica era a aldeia. No sudoeste, desenvolveram-se os
principados iorubás e aparentados, entre os séculos VI e XI. As suas origens,
mergulhadas na mitologia dos deuses e semideuses, não nos fornecem, do ponto de
vista cronológico, informações suficientes. O grande passado de todos estes
príncipes é Odudua. Seria ele próprio filho de Olodumaré, que para muitos seria
o Nimrod de que fala a Bíblia, ou segundo a piedosa tradição islâmica, de
Lamurudu, rei de Meca. O seu filho Okanbi, teria tido sete filhos que vieram a
ser todos “cabeças coroadas”, a reinar em Owu, Sabé, Popo. Benin, Olé, Ketu e
Oyó. Por volta do século XII, Ifé era uma cidade-estado cujo soberano o Oni,
era reconhecido como chefe religioso pelas outras cidades iorubás. É que Ifé,
fora o lugar a partir de onde as terras se teriam espalhado sobre as águas
originais para, segundo a tradição, fazerem nascer o mundo. Os iorubás foram
expulsos da antiga Oyó pelos Nupês (Tapas) estabelecendo-se no que é a Oyó de
hoje.
A partir do século XVI o poder da cidade-Estado de Oyó cresce até unificar toda
as cidades-Estado ioruba. O alafin (rei de Oió) exerce a soberania temporal dos
iorubas e também começa a questionar a legitimidade de Ifé, deificando Xangô,
antigo rei oioano, como divindade principal.No século XVII o Império de Oyó
dominará grande parte da Nigéria, incluindo o Reino de Daomé. A civilização dos
iorubas alcançou grande prosperidade, notavelmente em relação à vida urbana.
Censos iorubas de 1850 revelam 10 cidades com mais de 100 mil habitantes.
4. Reino do Congo
"Fundado por volta
do século XIV, esse Estado centralizado dominava a parcela centro-ocidental da
África. Nessa região se encontrava um amplo número de províncias onde vários
grupos da etnia banto, principalmente os bakongo, ocupavam os territórios.
Apesar da feição centralizada, o reino do Congo contava com a presença de
administradores locais provenientes de antigas famílias ou escolhidos pela
própria autoridade monárquica.
Apesar da existência
destas subdivisões na configuração política do Congo, o rei, conhecido como
manicongo, tinha o direito de receber o tributo proveniente de cada uma das
províncias dominadas. A principal cidade do reino era Mbanza, onde aconteciam
as mais importantes decisões políticas de todo o reinado. Foi nesse mesmo local
onde os portugueses entraram em contato com essa diversificada civilização
africana.
A principal atividade econômica dos congoleses envolvia a prática de um
desenvolvido comércio onde predominava a compra e venda de sal, metais, tecidos
e produtos de origem animal. A prática comercial poderia ser feita através do
escambo (trocas) ou com a adoção do nzimbu, uma espécie de concha somente
encontrada na região de Luanda.
O contato dos portugueses com as autoridades políticas deste reino teve grande
importância na articulação do tráfico de escravos. Uma expressiva parte dos
escravos que trabalharam na exploração aurífera do século XVII, principalmente
em Minas Gerais, era proveniente da região do Congo e de Angola. O intercâmbio
cultural com os europeus acabou trazendo novas práticas que fortaleceram a
autoridade monárquica no Congo
5. Reino do Benin.
Há indícios de que este reino tenha se desenvolvido entre os séculos XII
e XIII, onde hoje estão Nigéria e Camarões. Desde cedo, essa região passou por
um processo de urbanização, e as cidades se converteram em reinos. Sua
localização favorecia o encontro de mercadores.
A principal atividade econômica do reino de Benim era o comércio de sal,
peixe seco, inhame, dendê, feijão, animais de criação, o cobre, produto raro,
só possível para os mais poderosos, ou seja , os mais ricos. Produtos como
pimenta, marfim, tecidos e escravos eram comercializados ativamente com os
reinos de Ifê e o reino Iorubá. Para prevenir a redução da população nativa, o
governo proibiu a exportação de escravos masculinos e os importou da África
ocidental para comerciá-los com os europeus a partir do século XVI.
Cronistas descreveram a cidade do Benin com grandes muralhas e um
palácio decorados com placas de latão presas às paredes. Nessas placas, era
contada a história do reino: feitos do obá (titulo do principal chefe do reino
que se tornou o supremo poder na região), as caçadas, as guerras e os primeiros
contatos com os portugueses, por volta de 1485. A chegada dos europeus foi
registrada pelos artistas africanos com imagens esculpidas nessas placas e em
pequenas estatuetas de marfim.