Mas a característica fundamental dessa sociedade
estava nas relações existentes entre os homens que a compunham. Todo homem, do
mais humilde ao mais poderoso, ligava-se a um outro homem, superior na
hierarquia, que o tomava sob sua proteção em troca de diversas obrigações.
Assim, criava-se um sistema no qual todos os homens estavam subordinados uns
aos outros e ligados entre si por obrigações mútuas.
Sociedade Estamental
Sociedade na qual o indivíduo pertence a uma
categoria com função e lugar específicos, sendo-lhe proibida a passagem de uma
ordem para outra.
Mesmo os grandes senhores deviam obediência pessoal
ao rei, embora, na prática, ela nem sempre se verificasse. E a posição do rei,
por sua vez, dependia quase sempre de suas relações com as autoridades da
Igreja.
Quanto aos indivíduos que não possuíam terras e
que, em troca de proteção, se puseram ao serviço de um senhor, eram os que, de
fato, trabalhavam a terra.
Enfim, a sociedade feudal era uma sociedade fortemente hierarquizada, na qual cada uma das camadas sociais devia estar ciente de suas funções, seus direitos e deveres. Afinal, segundo justificativa da Igreja Católica, “o próprio Deus quis que, entre os homens, alguns fossem senhores e outros, servos, de modo que os senhores venerem e amem a Deus e que os servos amem e venerem o seu senhor”.
O que era o
feudalismo?
Suserania e Vassalagem
Em seu governo, Carlos Magno costumava doar terras
aos membros de sua nobreza, que, em troca, juravam prestar-lhe serviços, principalmente
militares. Com essa atitude o imperador se tornava o suserano – aquele que na Idade Média feudal doava a terra – de uma
série de vassalos – aqueles que
recebiam a doação.
Os nobres que recebiam as terras passaram a ter
imunidades contra qualquer interferência do rei em suas propriedades rurais,
exceto quando desrespeitavam as obrigações.
A terra doada tornava-se um feudo, ou seja, uma propriedade onde o seu dono estava investido de
poderes políticos e jurídicos, mantendo, com seu suserano, um compromisso
militar.
A autoridade política e jurídica dos senhores
feudais em sua propriedade rural era indiscutível e foi exercida durante quase
toda a Era Feudal, superando o poder do rei. Essa transferência do poder das
mãos do rei para as mãos dos senhores feudais tornou-se a característica
política fundamental do feudalismo.
Na Era Feudal, o sistema de concessão de feudos se
estendeu, tornando-se comum um grande proprietário conceder parte de suas
terras a outro nobre. A subordinação entre os senhores feudais variava de
acordo com a posição que cada um ocupava na hierarquia da nobreza, dividida em
alta nobreza — duques, condes e marqueses — e baixa nobreza — barões e
cavaleiros.
As obrigações entre os membros dessa elite
aristocrata, que valorizava a guerra e a prática militar, eram estabelecidas
através de um juramento de fidelidade, que mais uma vez remontava ao comitatus germânico, feito numa
cerimônia denominada homenagem.
De acordo com o contrato feudal aí estabelecido:
• o suserano se obrigava a dar proteção e apoio
jurídico a seu vassalo;
• os vassalos, por sua vez, juravam participar do
exército particular do suserano e contribuir com dinheiro para resgatá-lo, caso
fosse feito prisioneiro, bem como para armar cavaleiro um filho do suserano e
para o dote de uma filha deste quando ela se casasse.
A organização do
feudo.
As grandes unidades rurais chamadas feudos
abrigavam os bosques, os pastos, as terras para o cultivo, o castelo
fortificado, uma igreja ou capela e as aldeias desprovidas de fortificações.
Dessas aldeias saíam os servos de madrugada para o trabalho agrícola, cuidar do
gado ou, ainda, colher frutos nos bosques, caçar e pescar, já que a caça e a
pesca eram parte substancial de sua alimentação.
As terras nessas grandes propriedades estavam
divididas em três partes:
• bosques e pastos de utilização comum pelo senhor
e pelos servos;
• manso senhorial, de uso exclusivo do senhor;
• manso servil, onde os servos trabalhavam pagando
ao senhor com produtos e prestação de serviços em troca do uso da terra.
Nas terras reservadas ao cultivo, era praticada uma
agricultura de subsistência, ou seja, voltada para o consumo da comunidade.
O comércio era local geralmente feito à base de
troca e cada feudo tinha sua própria moeda, cuja circulação se restringia à sua
comunidade.
Nos primeiros séculos do feudalismo, a agricultura
era praticada fazendo-se o rodízio das áreas cultivadas, conhecido como sistema
de dois campos. Nesse sistema, a cada ano, um dos dois campos era cultivado e o
outro ficava descansando para recuperar a fertilidade.
Uma pequeníssima parte das atividades agrícolas era
executada por um reduzido número de trabalhadores livres conhecidos como
vilões, que também eram obrigados a dar parte do que produziam ao dono da
propriedade. Mas, ao contrário dos servos, os vilões tinham a liberdade de
deixar a terra quando quisessem. Além disso, os bens que eles acumulavam lhes
pertenciam inteiramente.
Os camponeses compunham a imensa maioria de servos.
Embora os vários países da Europa feudal apresentassem diferentes tipos de vida no campo, os servos em geral compunham a grande quantidade de produtores agrícolas dependentes e presos à terra e às obrigações que lhes eram impostas pelos senhores feudais, como a talha, a corvéia e as banalidades:
• a talha
consistia na obrigação dos camponeses de darem ao senhor da propriedade uma
parte do que produziam, que em geral correspondia à metade;
• a corvéia era
a obrigação de trabalharem sem remuneração alguns dias da semana nas áreas de
cultivo reservadas ao senhor;
• as
banalidades eram os pagamentos obrigatórios que eles faziam ao senhor pelo
uso da destilaria, do forno, do celeiro, do moinho.
Todas essas obrigações, somadas à doação do dízimo
(10%) da sua produção à Igreja, resultavam em aflitivos dramas sociais,
principalmente a fome e a miséria, que levavam os servos a revoltas freqüentes.
A principal função dos servos era produzir para satisfazer as suas próprias necessidades, bem como as daqueles para os quais o trabalho era uma atividade destinada exclusivamente às camadas consideradas socialmente inferiores.
Atividades
1. Dentre as características do feudalismo, podemos assinalar:
a) A existência de uma forte concentração de poder nas mãos dos Monarcas.
b) Uma forte monetarização das relações econômicas, favorecendo o crescimento dos núcleos urbanos.
c) Uma base econômica voltada ao comércio entre os vários feudos existentes.
d) Uma sociedade fundamentalmente estamental, em que os grupos sociais, senhores e servos, tinham status fixo.
2. Qual a diferença entre um vassalo e um suserano na sociedade feudal?
3. Explique a sociedade estamental:
4. Como o feudo estava organizado?
5. Como era o comercio nos feudos?
6. Quais eram as obrigações dos servos?
7. O que era o sistema de dois campos?
8. Quem foram os vilões?
9. Explique como era a cerimônia denominada homenagem:
10. Assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
( ) A Igreja Católica teve pouca influência durante a Idade Média na Europa.
( ) O número de escravizados aumentou durante o feudalismo em comparação com a quantidade existente no período do Império Romano.
( ) Durante o período do feudalismo na Idade Média, a economia era baseada nas atividades rurais.
( ) O clero possuía vastas propriedades durante o período feudal.
( ) As relações de suserania e vassalagem não poderiam acontecer entre nobres.
a) V-F-F-F-V.
b) F-F-F-V-F.
c) V-V-V-V-F.
d) F-F-V-V-F.