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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Religiosidade no Brasil Colonia

Para turma do 2º ano regular (28 de janeiro)


IGREJA NO BRASIL COLÔNIA

     “A Igreja Católica, enquanto instituição e religião oficial do Estado português, chegou ao Brasil em 1500 com Pedro Álvares Cabral e daqui não mais saiu. Sua história é feita de autoridade, dominação e, em alguns momentos, graças a pessoas especiais, também de piedade e coragem.” (Del Priore, Mary. Religião e Religiosidade no Brasil Colonial. São Paulo, Ática, 2001).

O PADROADO REAL

      Em Portugal, a Igreja estava subordinada ao Estado, cabendo à Coroa a missão de assegurar os direitos e a organização da Igreja nas terras descobertas. Assim, a Igreja atua como co-responsável, junto ao Estado, da tarefa de organizar a colonização do Brasil, promovendo o “controle das almas” na vida diária – a vinculação do indivíduo à Igreja através dos sacramentos – do nascimento à morte (do batismo à extrema-unção). Mas essa relação não se deu sem conflitos “Não existia na época, como existe hoje, o conceito de cidadania, de pessoa com direitos e deveres com relação ao Estado, independentemente da religião. A religião do Estado era a católica e os súditos, isto é, os membros da sociedade, deviam ser católicos.” (FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo, Edusp, 2002)
     Mesa de Consciência e Ordens: Na prática, este tribunal era o órgão do Estado português destinado a supervisionar e autorizar a execução de tarefas como a remuneração do clero ou a construção e conservação de Igrejas, ou seja, o exercício do Padroado. Bispado de Salvador: Em 1551 foi nomeado o primeiro bispo
do Brasil: D. Pero Fernandes Sardinha, que não aceitava práticas utilizadas na catequese dos nativos, como a tolerância com a nudez dos índios, a confissão por intérpretes, e a mistura entre as cerimônias litúrgicas com cantos e danças indígenas. O controle do Estado sobre o clero tinha suas limitações. Era difícil enquadrar todo o clero secular, devido à extensão do território. As ordens religiosas também possuíam um certo grau de autonomia (possuíam suas regras e desenvolviam políticas próprias no tocante à questões importantes, como é o caso dos indígenas). “Padres seculares procuravam fugir ao peso do Estado e da própria Igreja, quando havia oportunidade, por um caminho individual. Exemplo célebre é o de alguns padres participantes da Inconfidência Mineira, que se dedicavam a grandes lavouras, a trabalhos de mineração, ao tráfico de escravos e diamantes. (...). De qualquer forma, seria engano estender a todo o clero essa característica de rebeldia, visível mas excepcional. Na atividade do dia-a-dia, silenciosamente e às vezes com pompa, a Igreja tratou de cumprir sua missão de converter índios e negros, e de incultar na população a obediência aos seus preceitos, assim como aos preceitos do Estado.” (FAUSTO, Boris. Op. Cit.)

REFORMA PASTORAL: AS CONSTITUIÇÕES BAIANAS

      A realização do Concílio Provincial que levou ao ajuste das leis canônicas à realidade brasileira. Visava a unidade das práticas sacramentais. Além disso, buscava regular a vida dos clérigos para viverem de forma “virtuosa e exemplarmente”. Assim, não deveriam se envolver em bebedeiras, espetáculos de danças ou teatro, festas, etc.

Casamento de negros escravos em uma casa rica (Jean Debret)

VIDA E MORTE

Batismo

     A criança deveria ser batizada até os oito dias de vida. Quem não fosse batizado não era considerada gente.
     “Existia uma ordem, em vigor desde o reinado de dom João III (século XVI), segundo a qual os escravos de Angola tinham de ser marcados no peito a ferro em brasa, com o selo real, uma coroa ou uma cruz, como prova de que o imposto devido sobre cada ‘peça’ tinha sido pago. Essa marca significava também que houve batismo em grupo, ainda em Angola, antes do embarque no navio negreiro. A partir de 1756, uma lei obrigou tais navios a terem a bordo um capelão para batizar os cativos e dar-lhes instrução religiosa.” (DEL PRIORE, Mary. Op. Cit.)
Casamento
      O casamento privilegiava as famílias de elite ao conceder licença para casamento entre primos ou tio e sobrinha. Já entre os pobres a forma de união mais comum era o concubinato. Pessoas de origem humilde, entretanto, inclusive escravos, podiam contrair matrimônio perante a Igreja. A Igreja tinha atitudes ambíguas diante da realidade colonial de africanos arrancados às famílias em sua terra natal. índias vivendo como amantes de brancos e poucas mulheres brancas disponíveis para o casamento O reconhecimento e a valorização da vida sexual e matrimonial eram completamente diferentes para negros, brancos ou índios.Entre negros e índios a fecundidade era estimulada, aceitavam-se uniões não legalizadas e famílias que muitas vezes se resumiam a mulher e filhos. Entre os brancos, o casamento devia seguir o padrão das uniões legais e monogâmicas, em que se valorizavam sobretudo a virgindade e a fidelidade das mulheres. (DEL PRIORE, Mary. Op. Cit.)
A Morte
      A “Morte Bonita”: Quando estava prestes a morrer, a pessoa reunia parentes, amigos ou adversários e pedia desculpas pelos erros conhecidos, além de mandar rezar missas e distribuir esmolas. Preparava também um testamento, onde não apenas distribuía os bens como, também, procurava manter unida a família e protegidos os menores.
       Aos enfermos ministrava-se a extrema-unção, que servia de auxílio contra as tentações que eram muito fortes na hora da morte. Os enterros eram, normalmente, preparados pelas irmandades a que o morto pertencia.

Reflita no texto e responda:

1-Qual era o papel da Igreja junto ao Estado?
2-Qual era a dificuldade do Estado de controlar todo o clero na colônia brasileira?
3-Explique como certos padres se comportavam com rebeldia diante do peso da autoridade do Estado?
4-Que objetivos tinha a reforma pastoral no Concilio de Trento?
5-Em sua opinião, a postura da Igreja diante do casamento tinha características racistas? Explique:
6-Qual era a idéia de morte para os habitantes do Brasil Colonia?


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